A trajetória do Engenheiro Wolney José Pinto é um testemunho de uma vida dedicada à engenharia, educação e serviço à comunidade
A trajetória de um engenheiro eletricista muitas vezes transcende circuitos e fios para se tornar uma narrativa repleta de emoção e inspiração. É nesse universo de desafios e conquistas que encontramos uma história inspiradora. Wolney José Pinto não é apenas um especialista em correntes elétricas; é um arquiteto de sua própria jornada, moldando o mundo ao seu redor com inovação, perseverança e, acima de tudo, paixão pela profissão.
Sua história começa com uma curiosidade. Nascido em Amparo, interior de São Paulo, no dia 25 de dezembro de 1949, ele teve seus primeiros dias de vida marcados por uma peculiaridade: seu nome. Seus pais decidiram batizá-lo com “W” e “Y”, o que gerou uma resistência no cartório local. “WY” tinha sido suprimido do abecedário, mas seu pai não cedeu, registrando-o em São Paulo. Assim, nascia um amparense por berço, mas um paulista por papel.
Wolney cresceu em uma família de industriários na área da cerâmica, com seu bisavô construindo duas empresas do ramo no Brasil. O ambiente familiar, permeado por tijolos, telhas, manilhas e pisos, provavelmente plantou as sementes de uma carreira futura.
O interesse pela engenharia surgiu graças ao avô materno, uma figura inspiradora que não apenas incentivou, mas guiou os primeiros passos de Wolney na área. Inicialmente inclinado à engenharia civil, a faculdade o direcionou para a elétrica, uma escolha motivada pelo fascínio de lidar com algo invisível aos olhos.
Ao ingressar na faculdade, inspirado por engenheiros como André Fazio e Bianchini, Wolney seguiu para Lins, onde teve sua iniciação e acolhimento na república de André e Bianchini. Posteriormente, transferiu-se para a recém-aberta engenharia da Universidade de Mogi das Cruzes, que completa 50 anos de formação em 2023.
“Na faculdade fiz estágio na companhia Docas de Santos, junto com alguns colegas que depois viraram gerentes, profissionais na área da Codesp. Fiz estágio no Porto de Santos e passamos uma semana na Usina de Itatinga, que é a usina de geração e transmissão de energia para o porto. Foi um estágio muito proveitoso”, lembra.
Seus estágios na Docas de Santos e na usina de Itatinga marcaram o início de uma trajetória profissional rica. A entrada no universo da telefonia, especialmente na implantação de centrais automáticas e sistemas de rádio móvel, destacou-se pelos avanços tecnológicos da época.
Quando se formou, foi trabalhar na Companhia Telefônica da Borda do Campo, em Santo André, que tinha sido fundada por rotarianos do ABCD e era tida como uma das das companhias no ramo de telefonia padrão no Brasil. Lá, ficou trabalhando no departamento de implantação de centrais telefônicas com os sistemas Ericsson e Philips, que eram os equipamentos que existiam na época.
A entrada na Companhia Siderúrgica Paulista (Cosipa), em 1975, foi marcante. Wolney foi admitido com o propósito de formar um departamento de telecomunicações dentro da empresa, porque a região de Cubatão, não só na Cosipa, mas as outras empresas do polo, tinham uma dificuldade enorme com a questão de comunicação via telefone.
“Ali nós fizemos um trabalho junto com a Hidro Service e implantamos a primeira central aqui na Baixada, de grande porte. Fomos também pioneiros da implantação do sistema DDR, na discagem direta de ramal, sem passar por um telefonista, que ainda não existia. Nem a Telesp estava preparada para receber esse tipo de sistema”, afirma.
Na Cosipa, foi gerente da área de transporte de pessoal, telecomunicações e alimentação. Com a transição da instituição para Usiminas, Wolney assumiu a gerência do Porto, expandindo suas responsabilidades para o transporte de produtos de terceiros. Posteriormente, sua jornada o levou à Manserv, empresa destacada na manutenção e serviços petroquímicos, onde atuou como gerente responsável pelos contratos na Baixada.
Após 24 anos, se aposentou na Usiminas, em fevereiro de 1999, quando se candidatou no processo seletivo da alfândega do Porto de Santos. Desde então é perito de quantificação do Porto de Santos, perito no Aeroporto Internacional de Viracopos, na alfândega com a identificação de mercadorias, e também perito no Aeroporto Internacional de Guarulhos.
Mas o ano de 2004 trouxe uma reviravolta na vida profissional de Wolney ao descobrir sua paixão pela docência. Uma nova paixão que até hoje enchem seus olhos de lágrimas ao lembrar. Convidado pelo ex-presidente da AEAS, o Engenheiro Sérgio Novita, iniciou sua jornada como professor na Universidade Católica de Santos, lecionando em cursos como Engenharia de Telecomunicações, Elétrica e Engenharia de Produção.
Durante sua trajetória na Universidade, foi também administrador dos laboratórios de ciências exatas, implantou um laboratório de geologia na Universidade, atuou como coordenador dos cursos de Engenharia da Elétrica e ajudou a implantar o curso de Engenharia de Produção.
“Quando você entra na sala de aula e vê todos aqueles alunos, pensa que está ali passando uma experiência, um saber e fica preocupado em transmitir o melhor de si. O professor de hoje é um facilitador que ajuda a desenvolver a capacidade do aluno. Sempre tentei ser um professor amigo e isso sempre me trouxe alegria. Foi muito gratificante trabalhar com toda aquela garotada. Até hoje encontro alguns alunos, que falam comigo com muito carinho. E pensar que fiz parte dessas histórias me emociona”.
Paralelamente, sua história com a Associação de Engenheiros e Arquitetos de Santos (AEAS) começou com muita admiração. “Quando ainda não era nem sócio, sempre quando passava em frente via aquilo como um templo. Um templo da Engenharia e Arquitetura”.
Esse casamento que já dura 41 anos, quando entrou de sócio em 1982, pode ser descrito como uma fase de envolvimento e aprendizado contínuo. Começou como Conselheiro, já foi Vice-Presidente e atualmente é Diretor Financeiro, destacando a importância da AEAS.
“Estamos sempre procurando alcançar nossos objetivos em prol da sociedade como um todo, fazendo da AEAS um palco de discussões e audiências públicas. Tudo em função de facilitar e ajudar a sociedade com seus compromissos”.
O Engenheiro destaca os desafios contemporâneos de atrair a juventude para a associação, reconhecendo as mudanças na cultura e convivência social. Ele ressalta as transformações na Engenharia, impulsionadas pela revolução digital, exigindo uma formação empreendedora e habilidades digitais aprimoradas.
“Fizemos até alguns programas e melhoramos o nosso estatuto social para fazer a entrada dos jovens aqui, porque precisamos mostrar o que é a AEAS. Eles precisam aprender isso. Ver que é uma entidade muito importante. Nós vamos fazer 86 anos, então temos que fazer esse trabalho de renovação”.
O mercado de trabalho mudou em todas as áreas. E na Engenharia não é diferente. Wolney acredita que hoje a profissão está sendo renovada e exige uma formação voltada para o empreendedorismo e saber manusear muito bem os recursos digitais disponíveis, já que, segundo ele, é preciso entender muito bem o software que vai trabalhar para saber quais informações vão ser colocadas ali.
“Já li alguns artigos dizendo que a Engenharia Civil vai terminar decorrente do advento da Inteligência Artificial. Não acredito que vá terminar. Mas os profissionais da área vão ter uma nova concepção, porque hoje é tudo voltado aos diversos softwares disponíveis, como esse sistema BIM, que está sendo muito utilizado nos dias de hoje”.
Em constante aprendizado, Wolney continua aprendendo muito na AEAS e fica feliz com toda experiência proporcionada naquele espaço. Principalmente quando vai ao auditório e vê as fotografias de todos os presidentes que passaram por ali. “Você imagina que cada um deu de si algo para ter a evolução que nós temos hoje. Todos ali tiveram suas preocupações, seus desafios, suas encrencas, suas facilidades, suas alegrias, suas emoções… E toda essa história motiva ainda mais para trabalhar e desenvolver o melhor que nós podemos”.
Wolney lembra ainda que um grande objetivo do momento é o elevador. “É um desafio financeiro e técnico. O presidente Frederico Marins trabalhou bastante para regularizar a situação e poder dar o passo seguinte, que é a implantação do sistema e da acessibilidade que nós precisamos fazer. Estamos ficando todos velhinhos, daqui há pouco não vamos mais aguentar subir essas escadas”, brinca.