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Perspectivas de interesse da Baixada Santista – Texto base para debates

Prof. Dr Aureo Emanuel Pasqualeto Figueiredo, Diretor de Engenharia Unisanta e Diretor de Portos da Associação de Engenheiros e Arquitetos de Santos.

Eduardo Lustoza, Engenheiro e Mestre em Engenharia, Diretor da ELUS Engenharia e Conselheiro da AEAS e Especialista em Logística Portuária, Retroportuária e Ambiental.

Os Municípios Santos, Guarujá e Cubatão sediam a área operacional do porto de Santos, cuja importância econômica abrange uma população de mais de 70 milhões de pessoas em vários Estados. É um porto privilegiado, em águas abrigadas, com imenso potencial para turbinar o crescimento da Região.

Duas importantes ações pontuam este debate: A implantação de Zonas de Apoio Logístico ZAL com Distritos Industriais em Estações Multimodais rodo-ferro-hidro. Sua viabilização passa pela implantação de soluções no contexto do Programa Águas Paulistas. Assim, começaremos por este Programa.

Pequena consideração sobre a dinâmica de hidrologia e fluxo de águas de chuvas e arraste de sedimentos. Um rio natural não é uma hidrovia. Ela precisa ser projetada e construída. A chave desse programa é a limpeza e reestabelecimento dos Leitos Primitivos.

Hidrovia, atenção especial. Relevo e ambiente. Segurança geológica. Regime pluviométrico intenso, escoamentos Baixada e Planalto. Assoreamento dos rios, impedindo a navegação e desequilibrando o ambiente. Progressiva perda de mangue. Perda de água preciosa. Sedimentos orgânicos e minerais. Estudos de limpeza dos talvegues. Identificar os leitos primitivos com sondagens, verificar eventual presença de poluentes e reestabelecer o leito primitivo, limpando os rios e aumentando a capacidade de reservação e navegação, junto com piscicultura, melhorando a vida das comunidades.

Aqui em nossa Região de Baixada, temos uma rede de rios perenes de cerca de 120 km de extensão. A Unisanta, por estudos de seu Núcleo de Pesquisas Hidrodinâmicas da Faculdade de Engenharia Civil pesquisa há 30 anos questões relacionadas às marés e fluxo fluvial.

Já a AEAS ao longo de dez anos em sucessivos eventos “Hidrovias Já” ouviu técnicos gabaritados para contribuir ao desenvolvimento sustentável pela junção criativa desses potenciais, com a criação de estações intermodais para o tráfego hidroviário de cargas e passageiros, acopladas a centros industriais, produzindo postos de trabalho e melhoria das condições de vida.

Hoje vemos que o referencial do porto é o de corredor de exportação de produtos agro, em imensas quantidades, de baixo valor unitário, que vão gerar empregos e desenvolvimento em outros países. Aqui fica o ônus dessa movimentação em depreciação de qualidade de vida, com riscos, e fatores negativos. Queremos o outro lado da moeda, benefícios reais, numa convivência mais equilibrada entre porto-cidade e porto-Região.

Nossa Baixada Santista pode ter novas perspectivas de desenvolvimento e pretende-se exatamente isso, contribuir para que se concretizem esses potenciais.

Porto gera progresso. Temos um agro forte. Precisamos de uma agroindústria forte. Na China zonas industriais junto aos portos impulsionam a industrialização. Com menor custo logístico o comercio internacional se desenvolve muito rapidamente.

Estamos em movimento, em sentido contrário. Nossas indústrias minguam. Desenvolver o tema, ainda temos a Usiminas ativa em laminação. Citar as três plataformas de petróleo construídas na área portuária, na margem esquerda.

Aqui em Santos atracam 6 mil navios por ano e sequer temos um dique de porte para reparos que poderia/deveria estar localizado no Polo de Cubatão.

AS ZAL – Zonas de Apoio Logístico
Há dez anos realizamos encontros anuais Hidrovias Já na AEAS Associação de Engenheiros e Arquitetos de Santos, onde especialistas discutem os aspectos para o estabelecimento de ZAL.

Estão indicados mais de 20 pontos onde podem ser implantadas Estações Multimodais rodo-ferro-hidro, com condições de acesso para a população, e implantação de centros de indústrias leves. São elementos sinérgicos de uma proposta de desenvolvimento sustentável.

Há um entendimento parcial do que se refere à sustentabilidade. Sustentabilidade tem um tripé, Ambiente, Social e Econômico.

Esses três apoios devem estar em equilíbrio. Um projeto deve ter o melhor para o ambiente, para o social e para o econômico. Se não atende os três, simultaneamente, não tem êxito.

Vejam por exemplo a questões dos armazéns do Valongo. Pelo Brasil, existem soluções implantadas e funcionais de aproveitamento de áreas e estruturas portuárias em Belém, Salvador. E o Porto Maravilha no Rio de Janeiro. E o Porto Madero em Buenos Aires. Aqui em Santos seguimos com o Porto em Ruinas que vai sendo tombado pela gravidade.

Cubatão tem um polo industrial petroquímico invejável, além da siderurgia e metalomecânica que precisa ser repotencializado para responder aos desafios regionais.

Vejam o imenso desafio que foi superado ao final do século passado, enfrentando e corrigindo passivos ambientais de grande porte.

O compromisso com a modernidade das empresas e a participação dos órgãos ambientais e Autoridades permitiu estabelecer novas mentalidades para a produção.

Por seu lado, A Unisanta participou ativamente desse processo, em ações ambientais e criando Programas de Graduação, Especialização, Mestrado e Doutorados Ambientais e Tecnológicos, para formar com qualidade e conhecimento de nossas realidades com pesquisas e inovação que se convertem em modelos no FABLab Laboratório de Prototipagem.

Visão Estratégica. Possibilidades de contribuições técnicas e Gestão.

1. Hidrovia, atenção especial, potencial de mobilidade, manejo e funcionalidades beneficiando nossa população. Relevo e ambiente. Segurança geológica. Regime pluviométrico intenso, escoamentos Baixada e Planalto. Assoreamento dos rios, impedindo a navegação e desequilibrando o ambiente com progressiva perda de mangue e perda de água preciosa. Estudos de limpeza dos talvegues. Identificar os leitos primitivos com sondagens, verificar eventual presença de poluentes e reestabelecer o leito primitivo, limpando os rios e aumentando a capacidade de reservação e navegação retomando e ampliando linhas regulares de transporte de passageiros, junto com piscicultura, melhorando a vida das comunidades.

2. Ferrovias, potencial estimado de atender 150milhões de toneladas nas duas vias de acesso. Estudar e incrementar outras possibilidades. Avançar na discussão técnica em áreas onde se trata de coisas que poucos compreendem. Exemplo: Peras ferroviárias, temos duas na Baixada e se fala na terceira. O principal efeito de descarga de vagões, limpeza e recarregamento de retorno tem cuidados especiais, principalmente nas vias de bitola mista assimétrica.

3. Novas ligações Planalto Baixada. Via Verde integração rodovia, ferrovia, dutovia com predominância em túnel. E os passageiros?

4. Fertilizantes, produtos de importância para o agro. O Brasil importa milhões de toneladas. Granel mineral com potencial a controlar nos aspectos ambientais e de segurança. Requer atenção especial em terminais especializados.

Há, enfim, inúmeras possibilidades de incrementar o progresso e desenvolvimento de nossa Região, e nossos municípios estão no centro dessas possibilidades, não apenas como percurso de passagem, mas principalmente como protagonista desse processo.

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