Artigo produzido pelo diretor de Portos da AEAS, engº Áureo Emanuel Figueiredo, sobre a democratização de acesso ao Porto
Na iminência de completar 130 anos, temos um porto consolidado, com movimentação expressiva e crescente. E muitos aspectos essenciais a melhorar, principalmente em questões de caráter ambiental, de segurança, de gestão, de infraestrutura e relações com a Comunidade. São situações complexas que não podem ser simplificadas.
As limitações de espaço portuário confrontam-se à pressão do convívio urbano. Cidade e Porto são gêmeos siameses compartilhando a mesma coluna vertebral, a Perimetral Portuária e sistemas orgânicos vitais. Ruído, poeira não tem fronteira. Resíduos – sólidos e líquidos – teimam em misturar-se (!) com resultados de potencial danoso para o homem e o meio ambiente. Fartura de alimentos para insetos e fauna sinantrópica integram esse quadro limitado de salubridade.
O porto não é só carga, centenas de milhares de passageiros também que demandam atendimento em condições modernas e funcionais. O decisivo apoio à construção do túnel submerso é fundamental. O porto recolhe imensos recursos tributários daí essa justa retribuição à operação e segurança e conforto da população.
Hidrovias, dragagem, barragens de montante, nesta região que se situa entre as mais copiosas do mundo, sedimentos carreados para os leitos dos talvegues e o escoamento se desorganiza. Conhecer esse processo, prevenir resultados para que a dinâmica natural equilibrada possa reduzir a necessidade de dragagens no estuário favorecendo o transporte hidroviário de cargas e atender a população. Você já chamou seu uber lancha hoje?
Hoje trens gigantescos com locomotivas de 180 ton e alta tecnologia tracionam composições de 120 vagões. Ruídos de motores em arrancada e buzinas “embalam” nosso sono devem considerar as limitações do ambiente. Cada modal tem sua vocação. Trens são eficientes em grandes massas a médias e longas distâncias. Caminhões são ágeis e rápidos. A intermodalidade é essencial para tirar o melhor proveito das competências de cada um.
Os focos de debate apontam à mudança de gestão, na perspectiva de privatização da Autoridade Portuária. Quem e como serão os futuros responsáveis pela gestão do porto? Serão gestores experientes, comprometidos com a sustentabilidade? Como enfrentar o desafio da modernidade, da transformação com novos navios e novas tecnologias notadamente de automação?
Estabelecer condições justas e sustentáveis em compliance no ambiente de negócios e para a população. Essa a importância de debate claro e objetivo contribuam para aperfeiçoar o processo neste encontro.
Bem vindo Porto de Santos 130 anos!
Aureo Emanuel Pasqualeto Figueiredo – diretor de Portos da AEAS e da Unisanta – Engenheiro e professor atuando no Porto de Santos desde 1970