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5º CELP reforça cooperação internacional frente aos desafios climáticos

As contribuições notáveis de profissionais da área tecnológica transformaram o dia de debates do 5º Congresso de Engenheiros de Língua Portuguesa (CELP), sediado no auditório da Sede Angélica do Crea-SP, na sexta-feira (16/05), em uma experiência imersiva sobre as melhores práticas em prol da sustentabilidade.

Nesta matéria, acompanhe a segunda parte dos painéis – a primeira está disponível aqui – onde os participantes celebraram as oportunidades de aprendizado e conhecimento trazidas pelo CELP. Para o Tecg. Antonio Carlos Perez, o evento mostrou alternativas para o desenvolvimento de políticas públicas voltadas ao meio ambiente. “É importante para apontar novos caminhos com potencial para influenciar de forma positiva a atuação na área tecnológica”, comentou.

Antonio Carlos Perez, Tecnólogo em Construção Civil – CELP

Já a Eng. Erika Grigoletto Bonamim gostou do olhar proposto pelo evento para experiências diversas da realidade brasileira. “É bem interessante ter acesso às discussões sobre as perspectivas e desafios de profissionais de outros países”, afirmou.

Retomando os debates sob o tema ‘Engenharia e ação climática: Soluções para um futuro sustentável’, a etapa final da programação deu luz às iniciativas mais efetivas de gestão de políticas públicas integradas no enfrentamento às mudanças do clima.

 

Água e saneamento

As infraestruturas de água e saneamento foram o assunto do quarto painel do dia, que teve novamente a mediação do Prof. Dr. Eng. José Vieira, presidente da Federação Mundial de Associações Profissionais de Engenharia (World Federation of Engineering Organizations – WFEO). Para o debate, foram convidados: o Eng. Manuel Moreira Fernandes, autor do livro Segurança de Barragens: análise de risco de ruptura de seis barragens na Ilha de Santiago em Cabo Verde; o Prof. Dr. Eng. João Alexandre Paschoalin, diretor técnico de uma consultoria em Engenharia; o Eng. Alexandre Anderáos, superintendente de Regulação de Saneamento Básico da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), Brasil; e o Eng. José Pimenta, presidente da Agência Portuguesa do Ambiente (APA).

Paschoalin apresentou iniciativas de prevenção e combate às enchentes em São Paulo. O especialista abordou os mecanismos que visam melhorar a gestão das águas pluviais urbanas, que inclui canalizações, além de micro e macrodrenagem. Com experiência na esfera de gestão federal, Anderáos acrescentou ao debate as políticas dedicadas à universalização dos serviços públicos de saneamento básico no Brasil, com dados do Sistema Nacional de Informações em Saneamento Básico (Sinisa), de 2024, que mostram uma cobertura de 83,1%  de rede de distribuição de água no país, mas apenas cerca de 46% de coleta e tratamento de esgoto. “O Marco Regulatório do Saneamento Básico, instituído em 2007, tem como meta alcançar 99% de distribuição de água e 90% de coleta e tratamento de esgoto até o ano de 2033”, pontuou.

Sob a perspectiva das diferentes realidades de infraestrutura disponíveis nos países lusófonos, Pimenta abordou os desafios da gestão da água em contexto de alterações climáticas, trazendo exemplos de eventos extremos de secas e inundações ocorridos recentemente em Portugal. Já Moreira Fernandes fechou o tema com uma explanação acerca das experiências de Cabo Verde, assim como as soluções de drenagem colocadas em prática por lá.

 

Transição energética

Encerrando a programação, a 5ª edição do CELP trouxe ao palco do Crea-SP a crescente urgência da transição energética. Com moderação do vice-presidente da Ordem dos Engenheiros de Portugal (OEP), Eng. Jorge Liça, foram analisadas iniciativas locais entre os painelistas convidados: o diretor nacional do Ministério da Energia e Águas de Angola, Eng. Serafim Silveira; o coordenador do Grupo de Trabalho de Produção Acadêmica da Universidade de São Paulo (USP), Eng. Francisco Gonçalves de Souza; e o diretor institucional do Clube da Engenharia, Geol. Ricardo Latgé Milward de Azevedo.

Serafim mostrou que as energias renováveis têm ganhado o cenário angolano. “Nos últimos anos, começamos a estudar a implantação de sistemas renováveis. Em 2015, a contribuição dessas energias alcançava menos de 30% do total; em 2024, subiu para 65%”, destacou.

As referências do Brasil foram trazidas por Azevedo e Gonçalves de Souza, que abordaram a temática da transição sob o contexto de exploração e produção de petróleo no Brasil. Azevedo apresentou um panorama da evolução de fontes energéticas, dando destaque aos últimos 34 anos. “De 1970 a 2024, conseguimos reduzir a participação das energias de origem fóssil em 10%. Até o ano de 2040, a previsão é de que seja possível reduzir mais 10% do total produzido”, afirmou.

Por fim, todas as contribuições do Congresso foram consolidadas em uma parte de compromisso da área tecnológica com o enfrentamento às mudanças climáticas, diretrizes que podem e devem ser adotadas por todas as nações participantes. Entre as recomendações propostas pelo CELP, o Prof. Vieira destacou a importância da integração de esforços. “Realizado sob o signo da cooperação e da responsabilidade compartilhadas, e diante dos desafios climáticos globais, o 5º CELP reuniu engenheiros, especialistas, investigadores e representantes institucionais para reafirmar o papel determinante da Engenharia na construção de soluções sustentáveis e inclusivas”, concluiu.

A cidade de Luanda, em Angola, foi anunciada como a próxima sede-anfitriã do evento.

 

 

Fonte: Assessoria CREA/SP

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